O tema juventude traz muitos recortes interessantes do ponto de vista da análise das relações de gênero. Examinar esta fase da vida sem a perspectiva de gênero implica uma análise parcial, que não levará em conta as diferenças existentes nas passagens consideradas marcantes para as jovens e os jovens.
Se, para estes, a entrada no mercado de trabalho pode ser considerada a primeira e mais importante transição para a vida adulta, para aquelas, o casamento e a maternidade revelam-se como fundamentais (CAMARANO; MELLO; KANSO, 2006). Para abordar a questão da juventude sob a perspectiva das relações de gênero, optou-se por desenvolver uma discussão sobre o tema da gravidez na adolescência. Tal temática, além de despertar grande interesse do ponto de vista das relações de gênero, não somente pode estar ausente de uma discussão sobre juventude no Brasil em função das consequências que pode ter na vida de um grande grupo de jovens meninas, mas também por conta dos mitos e estereótipos que rondam a questão e merecem ser mais profundamente analisados pelos gestores de políticas públicas do país. Para tanto, este texto, por um lado, trabalha com uma problematização do tema, relativizando e questionando uma série de valores e crenças cristalizados na sociedade brasileira e, por outro, apresenta a forma como o Estado vem lidando com as/os jovens mães e pais a partir de suas políticas públicas.
Referência: FONTOURA, N. de O.; PINHEIRO, L. S. Síndrome de Juno: Gravidez, Juventude e Políticas Pública. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Brasília, 2009. <http://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/9162>