Em todo o Brasil, a violência é identificada como uma das maiores preocupações dos habitantes do país. No cenário internacional, apesar dos índices apontarem o grau de confiança para investimentos no Brasil, a insegurança – também institucional, mas principalmente a insegurança pública – se mostra como um fator que obstaculiza o desenvolvimento do país.
Não é à toa que hoje a sensação de insegurança se espalha amplamente entre a população. Os dados apontam que o Brasil é o quinto país mais violento do mundo, identificado pelas altíssimas taxas de homicídio (foram 47.707 mortes por homicídio em 2007, o que representa 25,5 homicídios por 100 mil habitantes). Em relação aos jovens, os números são ainda mais alarmantes: o país ocupa o quarto lugar no mundo em homicídios dessa parcela da população; foram 26.102 pessoas entre 15 e 29 anos mortas em 2007, o que representa uma taxa de 49,7 por 100 mil habitantes.
A seleção de vítimas das mortes violentas no país acompanha também a concentração de autoria dos crimes no país. Apesar da informação sobre autoria ser mais escassa, os dados disponíveis apontam que os jovens entre 18 e 29 anos compõem cerca de 60% da população carcerária do país. E mesmo que se admita que o retrato do Sistema Prisional pode não representar fielmente a dinâmica criminal do país, evidencia-se um cenário que merece atenção ao se refletir sobre a juventude no Brasil hoje.
Nesse contexto, medidas de prevenção da violência destinadas a essa parcela da população assumem centralidade. Inúmeras iniciativas, tanto oriundas do poder público como da sociedade civil, vêm sendo implementadas com vistas a reduzir os números de jovens autores e vítimas da violência. Essas iniciativas estão espalhadas por todo o país e são estruturadas de maneiras diversas, o que se traduz em diferentes graus de institucionalidade, formas distintas de organização, contextos e resultados variados.
No Brasil, até o momento, não havia um mapeamento abrangente de tais iniciativas, tampouco uma análise estrutural que retratasse de que maneira a violência que atinge os jovens vem sendo enfrentada no país. A inexistência dessa sistematização denotava o pouco conhecimento que se tinha do tema, o que reduzia o potencial replicador de experiências bem sucedidas e dificultava a formulação e implementação de novas ações, especialmente no que tange as políticas públicas globais para enfrentar o assunto.
A presente pesquisa partiu dessa constatação para realizar uma sistematização das experiências de prevenção à violência destinadas à juventude em curso no país hoje. O objetivo central da pesquisa foi preencher a lacuna de referenciais sobre a prevenção da violência entre jovens no contexto nacional para contribuir para o aprimoramento das iniciativas em curso e a implementação de novas ações na área.
Referência: LIMA, R. S. et al. Projeto Juventude e Prevenção da violência. Relatório final, Ministério da Justiça, Brasília, Ago. 2010.