As microculturas juvenis de hoje não configuram um “nós” do mesmo modo que propunham as tradicionais teorias subculturais, onde a acção dos membros das “subculturas” surgia em relação e em função da colectividade. A fragmentação intricada e reticular das sociabilidades microculturais contemporâneas não permite identificar uma unidade de “grupo”, um nós associativo de que se é membro, mas nós sociativos conexos, fundados em relações concretas com outros pessoalizados, que se estabelecem temporariamente com base em afinidades e afectividades electivas.
Destes “nós” os jovens não exigem semelhança mas, sobretudo, reconhecimento da sua diferença, fractalmente partilhada em termos de identificações, experiências e relações sociais. Perceber como se estruturam as práticas de sociabilidade no âmbito destes microcontextos sociais juvenis e as dimensões de afinidade electiva em torno dos quais são produzidas, é o objectivo primordial deste artigo.
Palavras-chave: sociabilidades juvenis, microculturas, música, visual, sensorialidade, cidadania.
Referência: FERREIRA, V. S. Ondas, cenas e microculturas juvenis. Plural - Revista de Ciências Sociais/USP, [S. l.], v. 15, p. 99-128, 2008. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2008.75231