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Algumas hipóteses sobre as relações entre movimentos sociais, juventude e educação

Em 1977, Lúcio Kowarick publica no jornal Folha de S. Paulo o artigo “O mito da sociedade amorfa e a questão da democracia”, examinando os pressupostos autoritários e elitistas que orientavam as afirmações recorrentes sobre a passividade das classes populares e o caráter gelatinoso da sociedade civil. Reconhecia, naquela conjuntura adversa, o elenco de dificuldades presentes na organização popular mas apontava, também, a existência de outros momentos férteis em mobilizações.

Considerava, assim, a necessidade de uma compreensão diferençada da sociedade civil que permitisse, a despeito da fragilidade dos atores, do caráter muitas vezes pontual das lutas e dos impedimentos de manifestações autônomas, reconhecer os caminhos a partir dos quais ela constituía demandas, lutava por direitos, propunha conflitos e orientações diversas daquelas formuladas pelas elites. Sua conclusão reiterava uma concepção clara sobre a cidadania ao afirmar que “a ampliação e garantia dos direitos e deveres implícitos no exercício da cidadania supõem, de imediato, a possibilidade não só de usufruir dos benefícios materiais e culturais do desenvolvimento, como também, sobretudo, o de debater os destinos desse desenvolvimento” (Kowarick, 1977).

Compartilhando esse tipo de orientação, vários pesquisadores na área da Educação passaram a investigar a expansão do ensino público — observada a partir do período populista e continuada na década de 70 e 80 —, buscando uma nova compreensão desse processo. Ultrapassando o pressuposto que radicava no Estado todas as orientações e iniciativas, esse campo de investigação procurava reconstituir a presença popular, mesmo que difusa, nas principais mudanças observadas no sistema de ensino, tendo em vista sua democratização, particularmente a luta por oportunidades de acesso à escola pública (Bomfim, 1991; Campos, 1985, 1991; Cunha Campos, 1989; Fuchs, 1992; Giovanetti e Costa, 1997; Sposito, 1984, 1993; Vianna, 1992).

Referência: SPOSITO, M. P. Algumas hipóteses sobre as relações entre movimentos sociais, juventude e educação Revista Brasileira de Educação, Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), n. 13, São Paulo, 2000.

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